"desapalavrar as palavras na mente
desaparafusar as palavras d'agente
desprendê-las na letra e no papel
torná-las livres qual passarinho no céu"

21 de outubro de 2009

o nada


entre o todo e o vago
existe um infinito indefinido
é um vão, uma fração
um pequeno pedaço sem forma
daquilo que ainda desconheçemos

ali existe a vida e seus segredos
as dúvidas e seus espaços
a música entre as pausas
o silêncio e seu odor agitado
existe uma escuridão silênciosa
cortada por um feixe de luz
que desabrocha feito asa de ave
e ilumina feito brilho metálico

e é ali que deixamos de encontrar
infinitindefinidamente as cores por detras da paleta
as pinceladas no ar, no exato momento antes de tocar a tela
o desenho das palavras rabiscadas ao vento
antes de encostar a folha de papel
o abrir dos poros antes de queimar a pele
o cheiro de uma cor
o sabor de uma palavra
a sensação de se olhar no espelho
o mundo criado nos sonhos durante a noite
o sonho perdido, acordado, durante o dia

e neste vão
forma-se então
neste exato momento
o nada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário