"desapalavrar as palavras na mente
desaparafusar as palavras d'agente
desprendê-las na letra e no papel
torná-las livres qual passarinho no céu"

19 de outubro de 2009

reflexos

das formas triviais
das quais me chamo atento
onde o brilho fosco embaça
gaussianamente
a visão de um pobre observador
me vejo refletido
mesmo que deformadamente
num espelho chamado dessa vida

algumas formas se difundem
outras fundem-se confundindo-me
e mesmo tendo a consciência de que não consigo
procuro enxergar definidamente

é quase uma nuvem
sem tempestade ou furor
não caem pedras
nem mesmo vaporiza neblinante

está estática!

furtiva ao perceber
perfeita ao impossível
e drástica esmaecente

na escuridão de um pensamento inacabado
esta é incapaz de ver-se passando ao redor
e mesmo no brilho lento de um sorriso
explode-se em luz...cega e furta

esquece por um momento do teu reflexo
e contempla ao redor...

...verás que para tal exercício ilimitado
delimitamos ao contemplo
o nosso mínimo campo de visão do corpo
e a ampla divisão do topo
nos mostra uma mera versão de escopo
que não termina
não regride
simples, continua a haver o ver
mesmo quando quase nem a si mesmo
incompletadamente
sem a faculdade miraculosa de enxergar

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